quinta-feira, 2 de abril de 2009

Um Dia Na Feira Livre - Memorias







A feira livre é um lugar onde temos um vasto mundo de cores, texturas, cheiros e diversidade de pessoas. Passear por entre as barracas dos feirantes gritando um mais alto que outro para chamar a atenção para suas mercadorias é uma experiência bastante excitante para as crianças.
Tudo é novidade. Tudo é cor e alegria. Tudo é festa. Estar na companhia dos pais neste momento é algo que não tem preço. Ele é o teu herói, ele sabe tudo, pode tudo. Ele é o melhor.

As lembranças que trago na memória das muitas vezes que fui a feira livre com meus pais são muitas, mas vou registrar uma em especial que me marcou muito. Não sei precisar bem ano em que aconteceu, mas posso dizer que moravamos no bairro da Parada Inglesa. Era um domingo ensolarado com aquele lindo céu azul sem nuvem alguma. Lembro-me bem. Estava de vestido de alcinhas de algodão e muito florido, sandalinhas de couro aberta e maria chiquinhas no cabelo lisos, louros e longos. Mamãe com suas sacolas mais leves e papai com as mais pesadas já estavam terminando as compras quando eu avistei o vendedor de balões coloridos. Os balões de gás hélio eram lindos, tinham muitas cores e formas. Um mais lindo que o outro. A visão de todos balões juntos encheram a minha vista. Então, enquanto olhava para os lindos balões coloridos, puxava meu pai pela camiseta que ele usava e apontava na direção do vendedor de balões, dizendo: - Paiiii, eu quero.... Meu pai resmungou um pouco, mas foi até o vendedor dos balões e pediu para esperar que a filhinha dele ia escolher um. Fui correndo, deixando minha mãe parada com todas as sacolas, inclusive as pesadas, em direção ao meu pai e do vendedor de balões. Os balões eram caros, meu pai quis negociar um desconto, mas o vendedor foi irredutível. Mesmo assim, ele comprou o balão que eu escolhi. Estava toda eufórica com o lindo balão vermelho que escolhi. Sentia-me a criança mais alegre naquele momento. Para precaução do balão não se soltando das minhas mãos, meu pai resolveu amarrar o barbante que segurava o balão em meu pulso com um frouxo lacinho...Ai que começou o drama...Enquanto voltavamos, e eu mexia o braço, fazendo movimentos vigorosos para ver o balão dançar no ar, meus pais a passos mais rápidos para voltar para casa e eu andando logo atrás. Já estavamos quase saindo da feira, meu pai para para conversar com um amigo dele que estava chegando na feira naquele momento. Eu e mamãe parada ao lado deles. Continuava agitando meu braço feito um passarinho que esta aprendendo a voar e muito feliz da vida quando o frouxo lacinho que meu pai deu em meu pulso se soltou...fiquei paralisada e sem ação vendo o barbante rapidamente fugindo do meu alcance e neste momento, puxei meu pai pela camiseta e gritei: - Pai pega ele para mim...e o balão subindo lentamente, mas já fora do meu alcance...mas tinha esperança que meu pai se virasse para mim e, apenas um um movimento das mãos dele me traria de volta meu lindo balão...Meu envolvido na conversa com o amigo dele, nem prestou atenção, mesmo minha mãe gritando para que ele segurasse o barbante que já ultrapassava a altura da cabeça do meu pai...O balão foi ficando pequeno e dançando no ar foi indo embora, me deixando lá no chão aos prantos. Quando meu pai se deu conta do que ocorreu, ele disse: Agora não adianta chorar. Já foi, já perdeu. Não vou ter dinheiro para comprar outro balão. Mas eu não parava de chorar e sentada no chão na saída da feira, deitei, rolando de um lado para o outro, gritando e esperneando...Meus pais ficaram furiosos comigo, mas eu queria por que queria outro balão. Até que meu pai, me pegou e me sapecou umas energicas palmadas nas nádegas. Foi um alvoroso, por que eu gritava e chorava mais ainda...Até que ele viu que eu não parava, ele disse: - Se você parar de chorar, papai vai até em casa pegar dinheiro para comprar outro balão para você. Chorosa eu disse: De verdade? Ele disse que sim. Virando-se para a minha mãe, ele disse: Gorda, fica aqui com a Edna, que vou até em casa pegar mais dinheiro. Ficamos paradas, eu e minha mãe, vendo meu pai sumir até virar uma esquina. Logo ele voltou e foi atrás do vendedor de balões. Ele percorreu a feira toda e não mais encontrou o vendedor de balões para minha infelicidade. Naquele dia fiquei o dia inteiro amuada num canto sem vontade de brincar e falar com ninguém...