
Ficaria atrás da porta, escondida entre uma cômoda e um mancebo que ficava sempre ali para pendurar roupas. Sabia que estava sendo muito afoita em fazer o que estava prestes a fazer e correr o risco de ainda levar umas palmadas. Mamãe, depois de nos alimentar, solicitou que fossemos dormir para que o "papai noel" pudesse entregar os nossos presente, e reforçou que se estivéssemos acordados, eu e meu irmãozinho, não teríamos nossos brinquedos entregues naquela noite e só no ano que vem. Assim sendo, fomos para o quarto. A minha pergunta interna naquele momento foi: Por que só a mamãe pode ficar acordada e ainda ter o presente entregue e nós não? Entre um intervalo no programa que ela assistia, ela vinha até o quarto verificar se dormiamos mesmo. Permaneci com os olhos fechados e sentia ela ajeitando a coberta e dando um beijo de boa noite. Não sei bem as horas que era exatas naquele momento, mas, sei que o grande acontecimento se aproximava e eu, tremia de ansiedade e medo de não dar certo o que havia planejado. Esperei mais um pouco e abri os olhos, ela já tinha voltado a sala, para seu programa. Levantei-me muito cautelosamente e desci do berço pelo lado da cama dos meus pais, fui até minha caixa de brinquedos e tirei o "João" lá de dentro, ele que ficaria no meu lugar caso minha mãe resolvesse espiar dentro do quarto. Fui para atrás da porta entre a cômoda e o macebo, e lá permaneci agachada e escondida...Depois de um curto período de tempo que eu estava lá, comecei ouvir vozes na sala, uma era da minha mãe, e a outra era uma voz masculina, parecida com a do meu pai. Eles falavam baixo, por isso a minha confusão. Quando os rojões começaram a estourarem, eu sabia que era o momento do "papai noel". Sabia também, que ele entraria pela janela, já que as meias com bilhetes e balas de agradecimentos estavam lá e não tínhamos chaminés. O contrário do que eu imaginava, "papai noel" não entrou pela janela, e sim, pela porta. A porta abriu-se e vi papai noel avançando em direção ao berço com os embrulhos, e eu, sai do lugar onde me encontrava escondida para suprendê-lo... Quando minha mãe, que vinha logo atrás inteviu em meu avanço, segurando-me pelo braço, comecei a chorar e a pedir para deixar eu abraçá-lo. Como o quarto estava a meia luz, eu não visualizar o rosto do bom velhinho...E com todo o meu alvoroço, e, para me acalmar, finalmente pude conhecer quem era o nosso visitante, tão logo que retirou aquela barba e bigodes constatei que era meu pai...